Quando todos, graças à Internet, podem escrever e publicar suas supostas verdades, os “balbucios das tagarelices literárias”, para usar a expressão de Roth, podem ser mais verdadeiros que o depoimento do próprio escritor? Não se trata, é claro, de sermos ingênuos e simplesmente acreditarmos em Roth. Trata-se de perceber o traço kafkiano desse novo tempo, em que qualquer um pode ser a “secondary source” exigida pela Wikipédia.
outubro 30, 2012
A Internet e o “mundo da veracidade”
A longa carta
aberta (publicada na The New Yorker e
traduzida no Caderno Link, de O Estado de
S. Paulo) que o escritor Philip Roth escreveu à Wikipédia é, sem dúvida, notável
mergulho no processo de criação do romance A
marca humana. Contudo, quanto mais avançamos no texto, mais lateja em nossa
mente o absurdo que provocou a carta: a proibição de que o próprio Roth corrigisse
– nessa famosa, errônea e imprecisa enciclopédia virtual – o verbete que fala
do seu romance.
Quando todos, graças à Internet, podem escrever e publicar suas supostas verdades, os “balbucios das tagarelices literárias”, para usar a expressão de Roth, podem ser mais verdadeiros que o depoimento do próprio escritor? Não se trata, é claro, de sermos ingênuos e simplesmente acreditarmos em Roth. Trata-se de perceber o traço kafkiano desse novo tempo, em que qualquer um pode ser a “secondary source” exigida pela Wikipédia.
Quando todos, graças à Internet, podem escrever e publicar suas supostas verdades, os “balbucios das tagarelices literárias”, para usar a expressão de Roth, podem ser mais verdadeiros que o depoimento do próprio escritor? Não se trata, é claro, de sermos ingênuos e simplesmente acreditarmos em Roth. Trata-se de perceber o traço kafkiano desse novo tempo, em que qualquer um pode ser a “secondary source” exigida pela Wikipédia.
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