junho 26, 2010
Sibelius e Lauro Machado Coelho no Estado de Minas
Na edição de 19 de junho do “Pensar”, suplemento de cultura do Estado de Minas, o editor João Paulo Cunha publicou minha resenha sobre a biografia de Sibelius – O cantor da Finlândia (Editora Algol) – escrita por Lauro Machado Coelho.
junho 17, 2010
Enfim, o dicionário
Como deve se comportar um detetive que jamais soluciona o crime? Entrega-se ao desespero ou se dedica, incansável, a reunir pistas que às vezes o aproximam, às vezes o afastam de sua busca? São as perguntas que fiz a mim mesmo nos últimos anos, enquanto procurava um bom exemplar do esgotadíssimo Dicionário Analógico da Língua Portuguesa: ideias afins/thesaurus, de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo.
Tenho o Analógico do jesuíta Carlos Spitzer, uma reimpressão de 1959 – dicionário, aliás, que nunca me decepcionou –, mas o Azevedo, que pude folhear a primeira vez há boas décadas, tornou-se um desses amores perseguidos com desespero, paixão que aumenta na exata medida em que os obstáculos crescem. Certa vez, o exemplar do sebo era velho demais; em outra, o volume, quase perfeito, trazia dezenas de anotações, máculas feitas, com esferográfica, por algum leviano. E numa única oportunidade – manhã chuvosa, nas imediações da Praça da Sé –, diante do exemplar verdadeiramente angelical, tive de conter meu ímpeto, pois o preço salmodiado pelo alfarrabista era in-de-co-ro-so. Livro inatingível – e ponto!
Mas como viver sem ele? E, pior, como escrever sem ele? É claro que dramatizo, pois sou um bibliômano, o que posso fazer?, desses que sonham com bibliotecas infinitas, no silêncio das quais um gato repousa, enquanto o virar da página lembra uma prece carmelita...
Pois bem, amigos. A Editora Lexicon acaba de resolver não todos os meus problemas – pois minha biblioteca segue longe da infinitude, disputando cada mínimo espaço deste apartamento –, mas reeditou o Analógico de Santos Azevedo, edição atualizada e revista, trabalho meticuloso, de amor à língua portuguesa, que devemos a Carlos Augusto Lacerda e Paulo Geiger.
Agora, sempre que a ideia surgir, mas pouco clara, insegura quanto à melhor palavra para torná-la concreta, debatendo-se como louca nas dobras do meu cérebro, sem encontrar a porta de saída, basta estender a mão e abrir o Thesaurus: ele me dará o vocábulo certo, justo, liame perfeito entre a abstração e a realidade. Agora, os devaneios podem ter nome – nenhuma quimera morrerá sem o merecido batismo. Hoje vou dormir em paz.
Tenho o Analógico do jesuíta Carlos Spitzer, uma reimpressão de 1959 – dicionário, aliás, que nunca me decepcionou –, mas o Azevedo, que pude folhear a primeira vez há boas décadas, tornou-se um desses amores perseguidos com desespero, paixão que aumenta na exata medida em que os obstáculos crescem. Certa vez, o exemplar do sebo era velho demais; em outra, o volume, quase perfeito, trazia dezenas de anotações, máculas feitas, com esferográfica, por algum leviano. E numa única oportunidade – manhã chuvosa, nas imediações da Praça da Sé –, diante do exemplar verdadeiramente angelical, tive de conter meu ímpeto, pois o preço salmodiado pelo alfarrabista era in-de-co-ro-so. Livro inatingível – e ponto!
Mas como viver sem ele? E, pior, como escrever sem ele? É claro que dramatizo, pois sou um bibliômano, o que posso fazer?, desses que sonham com bibliotecas infinitas, no silêncio das quais um gato repousa, enquanto o virar da página lembra uma prece carmelita...
Pois bem, amigos. A Editora Lexicon acaba de resolver não todos os meus problemas – pois minha biblioteca segue longe da infinitude, disputando cada mínimo espaço deste apartamento –, mas reeditou o Analógico de Santos Azevedo, edição atualizada e revista, trabalho meticuloso, de amor à língua portuguesa, que devemos a Carlos Augusto Lacerda e Paulo Geiger.
Agora, sempre que a ideia surgir, mas pouco clara, insegura quanto à melhor palavra para torná-la concreta, debatendo-se como louca nas dobras do meu cérebro, sem encontrar a porta de saída, basta estender a mão e abrir o Thesaurus: ele me dará o vocábulo certo, justo, liame perfeito entre a abstração e a realidade. Agora, os devaneios podem ter nome – nenhuma quimera morrerá sem o merecido batismo. Hoje vou dormir em paz.
junho 12, 2010
Um sabor a fel
No momento em que a ficção contemporânea brasileira converge para um único tipo de voz, um “eu” na maioria das vezes ensimesmado, narrador que é testemunha e, quase sempre, protagonista da própria história, cuja supervalorização tornou-se empobrecedor lugar-comum, é reconfortante se deparar com o narrador onisciente de Immaculada, escrito pela tradutora Ivone C. Benedetti. É sobre esse romance que falo em minha crítica na revista Sibila.