O professor Desidério Murcho, da Universidade Federal de Ouro Preto, sempre nos oferece reflexões instigantes. Vejam, por exemplo, este trecho de seu artigo “Azar cósmico e o futuro pós-humano”:
O sonho de explorar outros planetas carece de realismo. Mesmo que seja possível, é uma possibilidade de tal modo remota que não tem poder motivador. Isto deixa-nos, num certo sentido, onde sempre estivemos. Deixa-nos no provincianismo das nossas preocupações mesquinhas, que nos faz imaginar realidades distantes, na ficção científica, só para voltarmos a falar de nós mesmos e dos nossos problemas: guerra, discriminação, dominação, opressão das hierarquias, facciosismo, cegueira. O sonho que mais vale a pena sonhar, em ficção científica, é assim o domínio das tecnologias genéticas, que nos permitam ter bebés mais inteligentes, mais sensatos — menos humanos, num certo sentido. Se a humanidade é o que tem mostrado ao longo dos milénios — exploração dos fracos, frivolidade, injustiça, provincianismo — talvez valha a pena sonhar com um futuro pós-humano, em que os nossos descendentes, mais inteligentes e sensatos, possam fundar uma sociedade que, ao contrário de todas as sociedades humanas, não seja uma vergonha cósmica.
A íntegra do artigo pode ser lida aqui.
gosto do interesse pela ciência e pesquisa, mas como o desidério estranho o sonho de alguns com viver em outro planeta, é surreal demais pra mim. mal damos conta dessa vida, que dirá montarmos outra em outro lugar. beijos, pedrita
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