É uma pena que a maior parte dos nossos escritores esteja preocupada apenas em ser mais vanguardeira que dadaístas empedernidos. No Brasil pululam fatos que, de tão irreais, bem que mereciam ganhar verossimilhança graças à ficção.
O que dizer, por exemplo, da estudante – de pai pardo e avô negro – que perdeu a vaga, conquistada por meio do sistema de cotas, na Universidade Federal de Santa Maria? Como sempre, quando o Estado decide inventar uma justiça espúria, acaba somente praticando novas injustiças. No caso, antecipando-se à votação que deve ocorrer no Senado dentro de alguns dias, a universidade criou uma comissão para julgar os casos de “reserva racial”. Submetida a questionamentos diversos – dentre eles, “sofreu algum tipo de preconceito?” –, a jovem foi reprovada, pois não possuía o perfil de vítima, ou seja, por comprovar, em sua própria vida, que o racismo apregoado pelas “minorias politicamente corretas” não passa de fantasmagoria.
Mas não se trata apenas disso. Há outras questões que incomodam: quem pode julgar quem? E com quais fundamentos? E quem estabelece esses fundamentos? O pequeno tribunal dessa universidade é tão sórdido quanto um tribunal kafkiano. Ele comprova que a divisão da sociedade por raças é arbitrária, injusta e absurda – e, manipulada em comissões cujos membros defendem critérios absolutamente subjetivos, só tende a produzir aberrações.
Para onde a segue a carruagem? Teremos de, em breve, fornecer, no ato de inscrição para o vestibular, o mapeamento de DNA? O Estado criará novos cartórios, especializados em atestar as raças dos recém-nascidos? Ou bastará que os atuais cartórios de registro civil contratem geneticistas?
Ora, não seria melhor, de uma vez por todas, ressuscitar Alfred Rosemberg?
Escritores brasileiros: mãos à obra! Há material à farta para bons ficcionistas!
para mim, pouco importa que haja cotas, bolsas e que tais.
ResponderExcluire olha que eu seria facilmente favorecida por elas.