agosto 25, 2007


Sibila


O número 12 da Revista Sibila já está disponível na web e pode ser lido, integralmente, em pdf. Dentre os vários assuntos, há um equilibrado dossiê sobre Cuba, no qual ganham voz poetas exilados e artistas (um poeta e um pintor) que ainda vivem na ilha. O interessantíssimo perfil de Raúl Castro, escrito por Idalia Morejón Arnaiz, e uma entrevista com o professor Demétrio Magnoli fecham o dossiê. Leiam um trecho do bate-pronto com Magnoli:

Sibila: O senhor acha que os intelectuais e artistas que saíram de
Cuba transformaram a oposição a Castro num lucrativo produto de
exportação e são também cúmplices das mazelas do país?

DM: Não. Acho muito fácil fazer essa acusação a pessoas que saíram
do país quando a alternativa era ficar sem poder falar. Quem ficou foi
para a cadeia, porque Cuba é um país que proíbe o pensamento. Cuba
proíbe máquina de fax, recolhe computadores, proíbe conexões com
a internet. É uma coisa de outro mundo, por isso acho bem razoável
que eles tenham resolvido falar e escrever fora de Cuba. Saíram para
poder continuar se expressando.

Mas sugiro que a visita a Sibila – não só à última edição – seja feita com calma, pois há uma diversidade extraordinária de temas. Ainda no nº 12, por exemplo, cinco poemas de Drummond lidos por ele mesmo.

Quem percorrer as seções de Sibila não pode deixar também de conhecer o trabalho de Régis Bonvicino (foto) e Alcir Pécora, que dividem a direção da revista com o poeta e crítico Charles Bernstein. De Alcir Pécora, recomendo o ensaio deliciosamente irônico "Momento crítico: meu meio século", uma lúcida visão sobre a crítica e a literatura brasileiras contemporâneas. De Bonvicino, o vasto material em seu site chega a desorientar, positivamente, o leitor. Mas apreciei ler, entre os textos voltados à crítica, "A função da poesia" e "Borges: o poético e a poesia".

Para fechar este post e o sábado, um belo poema de Régis Bonvicino:

SÉTIMO POEMA

Silêncio é forma
contar é ato
livre, imprevisto
traço de luz

ele se aquieta
contraste & vulto
que rompe súbito
em outra véspera

voz das camândulas
no livre curso
lis de petúnias,
fisionomia,

muda, da sombra,
& os avelórios
cortando os dedos,
a cada conta

para Claude

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